Bandersnatch (Black Mirror) – Resenha

Bandersnatch (Black Mirror) – Resenha do primeiro filme interativo original Netflix

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Ano: 2018
Título Original: Black Mirror: Bandersnatch
Dirigido por: David Slade
Avaliação: ★★★☆☆ (Bom)

Um dos assuntos mais comentados da semana final de 2018, Black Mirror: Bandersnatch é o primeiro filme interativo desenvolvido pela Netflix, uma experiência que fecha aquele que, possivelmente, foi o melhor ano da empresa desde que se assumiu não somente como  distribuidora, mas produtora e inovadora de conteúdo.

O conceito não é exatamente novo: Bandersnatch bebe na fonte de um estilo de videogame bastante popular no Japão, as visual novels. Alguns exemplos de jogos deste estilo de grande sucesso incluem Steins;Gate, que se tornou um popular e cultuado anime, assim como Fate/Stay Night e Clannad.

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O mesmo conceito permeia os jogos conhecidos como point-and-click, obras nas quais o jogador basicamente é um expectador da estória, mas é responsável pelos rumos que ela toma de acordo com as decisões pelas quais opta (assim como nas visual novels). Os jogos da extinta Telltale, como The Walking Dead, são a principal referência nesse universo, que conta com um tom bastante imersivo de jogatina.

Entretanto, levar este modelo a um filme dentro da plataforma mais popular de entretenimento do momento foi um ousado e acertado tiro da Netflix. Bandersnatch instiga a curiosidade e deixa o espectador ansioso pelas consequências de suas decisões. Já o nome do longa é baseado no personagem de Lewis Carroll, presente no universo de Alice No País das Maravilhas, uma criatura que vive no mundo do outro lado do espelho (há referências a isto na trama).

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A trama é bastante simples, entretanto. Ambientada nos anos 80, somos apresentados a Stefan, um rapaz fissurado por jogos eletrônicos e aspirante a desenvolvedor. Ele está trabalhando em um projeto denominado Bandersnatch, baseado em um livro homônimo cujo ponto central é a existência de diversas realidades distintas e simultâneas, no qual o leitor decide os rumos dos personagens de acordo com suas escolhas.

A ideia de Stefan é reproduzir perfeitamente o conceito do livro em seu jogo, no qual o jogador/espectador poderá ter acesso a inúmeros caminhos e finais distintos de acordo com as decisões que tomar, arcando sempre com as consequências. Produzir o jogo, no entanto, se mostra uma tarefa muito mais difícil do que o garoto imagina.

Logo mesmo antes dos primeiros cinco minutos, somos obrigados a escolher o que Stefan comerá no café, por exemplo. E as decisões vão se tornando cada vez mais constantes – por vezes nos levando até mesmo a finais precoces e inusitados.

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Neste quesito, a mecânica de Bandersnatch funciona perfeitamente. É impossível se contentar com um único final e não tornar a assistir/jogar, especialmente sabendo que há ao menos cinco finais conclusivos já comprovados, além dos finais “abruptos”. Como sempre somos colocados diante de duas escolhas – e suas consequências podem ou não se cruzar com as demais -, o filme desperta a vontade de descobrirmos o que há por trás de cada uma delas e de como podemos encontrar os outros finais.

Fica muito claro o empenho da Netflix em construir um filme/jogo realmente envolvente e que conta com uma direção bastante competente. Como piloto de um novo produto que a empresa certamente tende a explorar, Bandersnatch é assertivo e, como já comprovado, gerou forte alvoroço e adesão do público. A ambientação oitentista do longa também é fielmente reproduzida.

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Entretanto, indo além da mecânica proposta, o filme deixa a desejar no envolvimento da trama em si, pouco carismática e mesmo criativa, apelando a alguns clichês. Há a essência de Black Mirror na questão futurística e caótica que a série propõe, mas no caso de Bandersnatch, falta o apelo emocional presente em muitos dos episódios da saga. É difícil se importar realmente com Stefan e os demais personagens, e mesmo a sensação de aflição – uma constante na série – é rasa.

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Ainda assim, Bandersnatch é uma experiência interessantíssima e certamente uma pedida obrigatória da Netflix, que deve render outros filmes e mesmo séries seguindo este modelo, provavelmente com um grau de maturidade maior e certamente ainda mais envolvente.

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https://www.youtube.com/watch?v=XM0xWpBYlNM

ASSINATURA

Análise Crítica
Data
Título Original
Black MIrror: Bandersnatch
Nota do Autor
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Diego Betioli
Escritor, publicitário, louco por esportes e entretenimento. Autor de A Última Estação (junto com Rodolfo Bezerra) e CEP e um dos fundadores do Meta Galáxia.

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